domingo, 3 de fevereiro de 2013

Mensagem do nosso Papa João Paulo II aos jovens no Brasil no ano de 1991, em Cuiabá-MT... Mensagem super atual, VALE A PENA LER:





Queridos jovens! Queridos amigos!
1. Esta manhã, enquanto sobrevoava uma bela região do Estado do Mato Grosso, confesso-lhes que senti o impulso espontâneo de dar graças a Deus: eu contemplava esta terra magnífica, e a via como um dom divino, como uma oferta e uma promessa de vida.
No mesmo instante, lembrei-me de vocês, e a ação de graças se tornou mais intensa. Vocês, jovens, são o melhor dom de Deus, a maior e a mais bela oferta e promessa de vida dada por Deus ao Brasil!
Sempre experimentei uma alegria muito especial nestes encontros que, graças a Deus, tenho freqüentemente com os jovens. Lembro-me particularmente, da recente e sugestiva manifestação dos jovens em Czêstochowa, no passado mês de agosto. É uma lembrança comovedora, pelos abundantes frutos da graça enviados pelo Senhor. Estou feliz em poder compartilhar hoje esta graça, com os jovens do Mato Grosso e de tantos outros lugares do Brasil. Estou feliz porque hoje posso celebrar, na companhia de vocês, o 13 aniversário do dia em que o Senhor, pela voz da Igreja, me escolheu para ser o Bispo de Roma, o sucessor de Pedro.
A juventude é um grande dom divino, é “uma riqueza singular do homem” (Ioannis Pauli PP. II Epistula Apostolica ad iuvenes Internationali vertente Anno Iuventuti dicato, 3, die 31 mar. 1985: Insegnamenti di Giovanni Paolo II, VIII, 1 (1985) 760). Para vocês, a vida se apresenta como uma estrada aberta para o infinito. É no coração do jovem que se desenham, se projetam e se forjam as perspectivas futuras da humanidade. Se é verdade que, infelizmente, existem limitações e obstáculos para o pleno desabrochar dos seus sonhos humanos, também é certo que estes sonhos permanecem sempre abertos aos grandes ideais. Nada nem ninguém, a não ser nós mesmos, pode frustrar esses ideais.
2. Vocês iniciam a vida num momento crucial da história. Vão ser os primeiros protagonistas do terceiro milênio, que está para começar. São vocês, jovens, os que vão traçar os rumos desta nova etapa da humanidade. São vocês os que lhe vão dar o sentido. O Papa contempla, com alegria, a grandeza desta missão, e as esperanças do Brasil que vocês têm nas mãos. Consciente da imensa tarefa que os espera, sinto-me movido a fazer-lhes uma veemente convocação. O Papa, queridos amigos, veio hoje convocá-los para um decisivo encontro, e para um empolgante caminho.
Em primeiro lugar, para um encontro, decisivo, do qual vai depender o significado e a projeção de suas vidas. Vocês já perceberam que quero falar-lhes do seu encontro, cada dia mais pleno e autêntico, com Cristo.
Só Jesus é, e será sempre, a resposta aos grandes anseios, aos infinitos desejos, aos ideais mais elevados que fervilham no coração humano. N’Ele, em Jesus, está a Verdade sem sombra de mentira, n’Ele, o Caminho claro e sem desvios, n’Ele está a Vida (Cfr. Jo 14, 6). Cristo fixa em vocês o olhar do seu amor (Cfr. Mc 10, 21), e lhes diz: “Eu sou a luz do mundo, aquele que me segue não andará nas trevas, mas terá a luz da vida” (Jo 8, 12). SóJesus é a luz, só n’Ele se encontram todos os ideais!
Estou certo de que muitos de vocês se lembram de que Cristo compara sua palavra viva, o ideal divino que oferece aos homens, a uma semente, que Ele próprio, passando junto de cada um, vai semeando nos corações  (Cfr. Mt 13, 4 ss). Esta semente tem poder para transformar o campo da vida, o campo do mundo, numa colheita exuberante de frutos. Nesta semente se contém o germe de todas as realizações verdadeiras, de todos os sonhos de grandeza, de bondade e de bem.
3. Mas a semente da palavra de Cristo crescerá, até seu pleno desenvolvimento, se, como diz Jesus, encontrar “boa terra”, isto é, o solo acolhedor de um coração generoso e bom (Cfr. Lc 8, 15).
Ao convocá-los para um autêntico encontro com Cristo, o que lhes peço é isto: ofereçam a Jesus seus corações abertos de par em par! Abram confiadamente as almas aos tesouros da verdade cristã! Busquem com empenho uma formação, que leve ao amadurecimento da fé! Mantenham a vida totalmente aberta às fontes da graça, que brotam dos Sacramentos! Deixem o coração abrasar-se, como os discípulos de Emaús, (Cfr. Lc 24, 32) junto de Cristo, pão vivo e palavra de vida. Permitam que Ele viva em vocês, para assim se tornarem capazes de amar o mundo, os homens todos, como Ele os amou (Cfr. Jo 15, 12-13).
Voltemos à parábola do Semeador. A semente da palavra de Deus tem certamente uma ilimitada potencialidade de frutos. Mas pode ser rejeitada, pode ser abafada, pode murchar.
Que poderia fazer fracassar em vocês grandes ideais de Cristo? Jesus nos dá a resposta, luminosa e clara, como são todos os seus ensinamentos.
Em primeiro lugar, poderia frustrar esses ideais o desinteresse, que procede da ignorância, da indiferença ou do ceticismo, e relega a palavra de Cristo à margem da vida, “à beira do caminho” (cfr. Mt 13, 19). Em face de um mundo que, em muitos ambientes, parece tornar-se opaco à luz divina e se empenha em marginalizar a Deus, em face de um mundo que, às vezes, parece querer expulsar Deus, como um estranho, da vida individual, familiar, e coletiva, vocês saberão reagir e dizer, ardentemente, como Pedro a Jesus: “Tu tens palavras de vida eterna, e nós cremos e sabemos que Tu és o Santo de Deus” (Jo 6, 68). Vocês deixarão que a fé e o amor de Cristo lancem raízes profundas em seus corações.
Em segundo lugar, a semente da palavra de Deus pode ser abafada pela religiosidade superficial, sentimental e inconstante. A parábola fala do coração semelhante a um solo pedregoso, coberto apenas por uma leve camada de terra. Recebe a semente com alegria, mas não tem profundidade, “é inconstante”. E, quando se ergue o sol causticante das dificuldades, a semente perece queimada (Mt 13, 20-21).
O encontro com Cristo será autêntico se vocês souberem permanecer constantes no seu amor (Cfr. Jo 15, 6-7), se souberem manter-se perseverantes e firmes nos ideais cristãos, a despeito de todos os obstáculos, da forte pressão de um ambiente materializado, de todas as decepções e de todas as fraquezas.
Deus precisa, a Igreja precisa, o Brasil precisa, de jovens cheios de fortaleza, que lutem pelos seus ideais com santa persistência, sem desalento, com o espírito de competição de que falava São Paulo (Cfr. 1Cor 9, 24). Isto exige sacrifício? Sim! Isto exige a lealdade e a valentia de não se curvar diante do ambiente? Sem dúvida! Isto exige também a humildade de recomeçar, voltando uma e outra vez, como o Filho pródigo, por meio do Sacramento da Reconciliação, da confissão pessoal arrependida mas cheia de esperança. Não tolerem que seus ideais cristãos sejam, como se diz nesta terra, “fogo de palha”. Combatam “o bom combate da fé”(1Tm 6, 12), do amor, da santidade! Esta é a meta de todo cristão.
4. Por último, Cristo fala de espinhos que sufocam a semente (Cfr. Mt 13, 7). Quais são esses espinhos? “Os cuidados do mundo, diz Jesus, e a sedução das riquezas” (Cfr. Mt 13, 22). Nosso Senhor alerta para o desfecho estéril daquelas vidas que colocam sua realização na satisfação mesquinha de desfrutar, de “ter”, e não no esforço de “ser” (Cfr. Ioannis Pauli PP. II Epistula Apostolica ad iuvenes Internationali vertente Anno Iuventuti dicato, 3, die 31 mar. 1985: Insegnamenti di Giovanni Paolo II, VIII, 1 (1985) 803ss).
As riquezas da fé cristã e sua promessa de frutos ficariam sufocadas se vocês, jovens, fizessem do prazer desordenado e da ambição material um ídolo, ao qual subordinassem a própria vida. Com palavras vigorosas, São Paulo fala de alguns “cujo deus é o ventre” (Fl 3, 19). À sua volta, vocês encontram muitos que, infelizmente, erigiram como um falso deus a fruição egoísta do sexo, ou tentaram silenciar o próprio vazio interior na fuga para o alcoolismo e as drogas, verdadeiros tiranos que aniquilam os que a eles se submetem. Encontram outros que se deixaram seduzir pela tentação do ganho fácil, renunciando ao esforço do trabalho e da solidariedade fraterna, buscando apenas uma egoísta afirmação de si mesmos.
A estes infelizes companheiros, vocês devem oferecer um testemunho límpido de pureza, de castidade, de sacrifício alegre, de espírito de serviço e de caridade cristã. Vocês devem anunciar-lhes, com a clara luz de sua alegria, que vale a pena seguir a Cristo pelo caminho do amor que Ele nos traçou: a abnegação alegre de todo egoísmo, a doação, a generosidade de abraçar a cruz salvadora (Mt 16, 24-25).
5. Eu lhes falava, no início deste encontro, de uma dupla convocação. Já me referi à primeira: o Papa os convoca para um encontro pessoal e renovado com Cristo! A segunda convocação - vocês se lembram - era para um empolgante caminho.
“Aquele que afirma permanecer em Cristo - diz São João - deve também andar como Ele andou” (1 Jo 2, 6), deve assumir o próprio caminho de Jesus.
Cristo continua trilhando os caminhos do mundo. O Semeador continua procurando os corações dos homens. Ele quer chegar a esses corações caminhando com vocês, agindo por meio de vocês. Todos têm a missão maravilhosa de percorrer as estradas da vida sendo, como diziam os primeiros cristãos, “portadores de Cristo”. Este é o caminho para o qual o Papa os convoca.
6. Caminhando com Jesus, identificados com Ele, vocês serão “pescadores de homens”, serão apóstolos que, a exemplo de Cristo, estenderão a mão para levar a luz e a vida de Deus aos amigos, aos parentes, aos companheiros, que se afundam nas águas da desorientação ou nelas flutuam à deriva. Deus lhes pede a coragem do testemunho cristão, inabalável perante as pressões que os cercam, a coragem da sua palavra, cheia de convicção que nasce da fé experimentada e vivida. A alguns, penso que pode ser a muitos, Deus pede mais: a generosidade de se dedicarem inteiramente ao seu serviço e aos seus irmãos, a generosidade de deixar todas as coisas, como os Apóstolos, e de segui-l’O (Cfr. Lc 5, 11).
Caminhando com Jesus, vocês, reunidos em comunidades, movimentos e outro grupos da Igreja, serão renovado fermento de evangelização nesta terra.
Caminhando com Jesus, vocês serão capazes de tornar realidade as metas cristãs da justiça e do amor, e de promover profundas transformações sociais. O Brasil precisa de vocês. Em suas mãos está o futuro, no qual a “civilização do egoísmo” deve abrir passagem, sem ceder à tentação do ódio ou da violência, à “civilização do amor”.
Caminhando com Jesus, vocês se tornarão conscientes de que uma das maiores e mais necessárias contribuições que os jovens podem dar à renovação cristã da sociedade é o amor ao trabalho.
Nunca se esqueçam de que, junto com o empenho por promover uma ordem social mais justa, a grandeza de uma Nação se alicerça sobre o trabalho. Sem cultivar o espírito de responsabilidade e de perfeição no trabalho, os mais nobres ideais se desvanecem em palavras vazias.
Lembrem-se de que Jesus foi conhecido pelos seus conterrâneos de Nazaré como “o trabalhador” (Mc 6, 3), e de que Ele quis dar, ao longo de quase trinta anos, o exemplo de uma vida dedicada, intensa e amorosamente, ao trabalho. Também neste ponto é preciso “andar com Cristo”, é preciso “andar como Ele andou” (Cfr. 1Jo 2, 6).
Vocês farão isto se assumirem, como parte da missão que Deus lhes dá, que a santificação do trabalho comporta: perfeição, dedicação, sacrifício e persistência, dia após dia, sem ceder à preguiça ou ao cansaço. Ser santo no trabalho supõe o desejo de superação, a responsabilidade pessoal e o espírito de serviço.
Caminhando com Jesus, muitos de vocês, lutarão, enfim, por viver a pureza santa do amor humano e serão os construtores de autênticos lares cristãos, verdadeiros focos de irradiação do espírito de Cristo na sociedade (Christifideles Laici, 40). A grande maioria de vocês, sereis chamados por vocação divina para o matrimônio, e a Igreja quer caminhar junto a vocês para que possais percorrer este caminho com coragem, conscientes de que a vocação matrimonial é um compromisso formidável, que os torna protagonistas das transformações, segundo o espírito do Evangelho, desta célula cristã da sociedade, que é a família.
7. Vinde após mim diz Jesus! Queridos jovens! Cristo os chama, Cristo os convoca, Cristo quer andar com vocês, para animar com seu espírito os passos do Brasil rumo ao terceiro milênio. O Papa tem a certeza de que, no fundo da alma, vocês darão uma resposta generosa e vibrante a esta convocação: “eis-me aqui, porque me chamaste!” (Cfr. 1Rs 3, 5). Com este apelo, cheio de esperança, termino estas palavras. Dirijo-me à Virgem Santíssima, Mãe de Jesus e Mãe dos que, por serem irmãos do seu Filho, devem ser portadores da Boa Nova. Peço-lhe que os conduza, com seu auxílio materno, até o encontro de que lhes falei, e os acompanhe ao longo de toda a vida.
Amém.

terça-feira, 19 de junho de 2012

Religiosidade: A riqueza do Cristianismo: "Sede santos, assim como vosso Pai celeste é santo". (Mt 5, 48)


Religiosidade (3ª parte) A riqueza do Cristianismo: "Sede santos, assim como vosso Pai celeste é santo". (Mt 5, 48)

Prosseguindo em nossa reflexão sobre alguns aspectos da Religiosidade trataremos, aproveitando a ocasião da Beatificação do Papa João Paulo II, do riquíssimo processo de Beatificação e de Canonização para que seja reconhecido que aquele indivíduo em questão como mais um santo e apresentá-lo a todos os fiéis.
As etapas do processo – Consta de três etapas:
1. Servo de Deus. Com a liberação (“Nihil Obstatt”) da Congregação dos Santos permitindo abrir o  processo, o candidato aos altares recebe o título de “Servo de Deus”.
2. Beatificação: É cerimônia de comprovação, em Roma, da vida, da heroicidade das virtudes, da fama de santidade e de um milagre, sob a intercessão do Servo de Deus.
3. Canonização: É a cerimônia de comprovação, em Roma, do segundo milagre
O processo se inicia com a convicção popular e da Igreja  de que o candidato levou uma vida “sagrada”, que somente 5 anos após a morte do candidato pode iniciar o processo de beatificação.  No caso do Papa João Paulo II foi aberto uma exceção pelo Papa Bento XVI para que o processo se iniciasse antes dos 5 anos, da mesma forma que aconteceu com o processo da Madre Teresa de Calcutá, hoje também Beata Teresa, que o Papa João Paulo II autorizou o início antes deste prazo.
A primeira fase do processo de Beatificação é diocesano, local onde morreu o servo de Deus, nela os investigadores (peritos em teologia) investigam documentos, escritos, e testemunhos de pessoas que conviveram com o candidato, ouviram-no ou viram-no.  Recolhem-se todos os documentos que sejam suficientes para provar a existência da fama de santidade e o exercício heróico das virtudes cristãs, e envia-os para a Congregação das Causas do Santos, no Vaticano, onde três comissões: Histórica, Teológica e Congregação dos Cardeais que aprovam ou não a continuidade do processo. Aprovando-se, aguarda-se o milagre. Pelo menos um milagre póstumo precisa de comprovação, para se Beatificar o Servo de Deus.
Podemos dizer que Milagre é um fato que não tem explicação pelas leis da natureza, que por intercessão do Servo de Deus foi realizado pelo próprio Deus, normalmente é uma cura de uma doença de forma rápida, permanente e inexplicável pela medicina. A cura é analisada pela comissão de médicos do próprio país, que encaminham o parecer para o Vaticano.  No Vaticano o caso é analisado por outra comissão de 5 médicos com o objetivo de ver se há ou não explicação científica para este fato. O processo é sigiloso, um perito não sabe do parecer do outro e sequer sabe quem são os demais peritos. Se não houver explicação Científica, fica comprovado o milagre, seguindo-se então para Beatificação do Servo de Deus que é proclamado Beato.
O Beato é venerado por um grupo de fiéis. É o primeiro grande passo para a santidade (Canonização).  Para ser declarado santo, mais um milagre póstumo precisa ser comprovado, o processo de comprovação se dá da mesma forma do ocorrido na Beatificação.  A Canonização torna possível o culto pela Igreja Universal, e se proclama que aquele Servo de Deus, encontra-se na glória de Deus, por nós intercedendo, sendo para nós como um fiel modelo de vida cristã.
            Como vemos, é um processo criterioso, científico e que não nos deixa dúvidas: a santidade é possível e os santos até hoje declarados como tal pela Santa Igreja são os grandes exemplos que podemos seguir.  Pois, estes foram capazes de abraçar a fé cristã de maneira corajosa e fiel, vivendo como verdadeiros amigos de Deus.  Façamos o mesmo e desde já contando com a intercessão do Beato João Paulo II e de todos os santos e santas de Deus.
Rogai por nós!

Martírio


Em diversas ocasiões pudemos refletir acerca da santidade de vida.  Hoje chego a uma das formas de santidade, a da daqueles que entregam a sua própria vida pela Evangelização, aqueles que preferiram morrer a renunciar a sua fé.  A palavra mártir vem do grego “martys”, “martyros” que significa testemunha. Ou seja, é o amor a Jesus Cristo, é ter a fé cristã professada e vivida como algo mais importante do que a própria vida, estando disposto a doá-la inteiramente, até o sangue, para não renegar a fé. E muitos dos mártires foram provados nisso. Eles eram obrigados ao preço da própria vida a renegarem a Fé Cristã ou a simular a rejeição da doutrina cristã para preservar a vida.
Porém, foram fiéis a palavra da Sagrada Escritura que diz que “Aqueles que quiserem salvar a sua vida perde-la-à, mas, aqueles que perderem suas vidas por causa do meu nome, a salvará” (Lucas, 9, 24).  Foi um misto de coragem e ousadia, como vemos na história de muitos deles, mas que para ilustrar trago a tona apenas uma, a de São Policarpo, ele que foi Discípulo do apóstolo João, e fora feito bispo de Esmirna,uma das mais importantes comunidades cristãs.
                “Em Esmirna (Turquia), no ano 155, a intolerância manifestou-se com o martírio do bispo Policarpo, provocado pela multidão enfurecida. O magistrado Herodes procedeu à prisão do bispo que, entretanto tinha deixado a cidade. Mandou-o levar ao estádio onde procurou convencê-lo a renegar a fé:
    - Pensa na tua idade e jura pelo gênio de César, convencer-te uma vez por todas a gritar a morte dos ateus.
    - Sim, morram os ateus!
   
- Jura e coloco-te em liberdade; amaldiçoa o Cristo.
    - Faz 86 anos que o sirvo, e ele nada fez de errado para comigo; como posso blasfemar contra o meu Rei e Salvador?
   
- Tenho prontas as feras; se não mudas de idéia lanço-te a elas.
    - Chama-as! Nós cristãos não admitimos que se mude, passando do bem ao mal, mas acreditamos que é preciso converter-nos do pecado à justiça.
    - Se não te importam as feras e se continuas a ter a mesma idéia fixa farei com que sejas consumido pelo fogo.
    - Ameaças-me com um fogo que queima por pouco e depois se apaga; vê-se que não conheces aquele do juízo futuro, da pena eterna reservada aos ímpios. Porque queres ser condescendente? Faz o que quiseres.
   
Dizia isso com coragem e serenidade, irradiando tal graça do seu rosto, que nem parecia que fosse ele o processado, mas sim o Procônsul. Quando a fogueira foi preparada, amarraram-no com as mãos às costas, como um carneiro de um grande rebanho escolhido para o sacrifício, holocausto aceito por Deus. Elevando os olhos, ele rezou:
- Eu te bendigo Senhor Deus onipotente, porque me fizeste digno deste dia e desta hora, de ser enumerado entre os mártires, de compartilhar o cálice do teu Cristo, para ressuscitar à vida eterna da alma e do corpo na incorruptibilidade do Espírito Santo.
               
Concluída a oração, a fogueira foi acesa; as chamas, porém, dobrando-se em forma de abóbada, como se fosse uma vela inchada pelo vento, circundou o corpo do mártir como um muro. Estava no meio não como corpo que queima, mas como pão que se doura assando ou como ouro e prata que são refinados no cadinho; sentiu-se um perfume como de incenso ou outro aroma precioso. Afinal, um carnífice matou-o com a espada.”
Portanto é um testemunho que vai até a morte se necessário. Para que a Igreja declare oficialmente que alguém é mártir da fé, são feitas pesquisas a respeito da verdadeira causa da morte que necessariamente deve ter como causa a defesa da fé; a livre aceitação da morte; graças ou milagres obtidos por intercessão do (a) servo (a) de Deus. O sangue dos mártires continua a ser semente de novos cristãos, e será até a volta do Senhor.
Por isso devemos contar sempre com a intercessão desses santos mártires e com seus exemplos de fé e de amor a Cristo e sua igreja. Devemos a riqueza da história de cada um deles!
Todos os santos e santas de Deus: Rogai por nós!

Lectio Divina – Caminho que todos devemos percorrer diariamente


A Lectio divina que vem do latim e significa a “Leitura divina” ou, a melhor definição, “Leitura Orante da Bíblia”.  São caminhos percorridos, cuja prática se desenvolve desde o ano 220 pelos monges monásticos. Eles reservavam um tempo grande e o melhor momento do dia para esse exercício.
É composto de quatro passos que são interligados: 1- Lectio (Leitura); 2- Meditatio (Meditação); 3- Oratio (Oração) e 4- Contemplatio (Contemplação), não existe na prática uma separação entre eles, ao passo que estou caminhando em um, vou me introduzindo no outro sem interrupção, os passos fluem como o um rio que vai percorrendo seu fluxo até o oceano. Inicio, portanto, com a LEITURA de um trecho da Sagrada Escritura que posso fazê-la por duas vezes o mais para que nada na mensagem passe despercebida, após a leitura MEDITO, numa atitude de escuta, momento em que devo ouvir aquilo que Deus quer me dizer com aquela passagem, a meditação evolui ao ponto de me fazer ORAR sobre aquilo que Deus me diz, é oportunidade de responder a Deus, de se comprometer com Ele. Ao fim é chegada a vez de CONTEMPLAR, é importante destacar que essa não será direcionado pela pessoa, cabendo apenas se entregar no silêncio para que Deus a conduza a contemplação, é um hora de ver Deus presente na história da vida numa adoração silenciosa e de ir até Ele.
  Um período diário de 30 minutos é desejável. Se não puder, faça 5, 10 minutos, o que lhe for possível. Mas não deixe de ouvir ao Senhor diariamente. Como expressou nosso Arcebispo D. Orani Tempesta “Chegou o momento de passarmos a colocar em nossos grupos de reflexão, círculos bíblicos e outros grupos a Palavra de Deus como fonte de reflexão e inspiração para iluminar a nossa realidade concreta.”  Portanto, precisamos incentivar dentro das nossas atividades seja pessoal ou em grupo a prática da Lectio divina.  Não permitamos iniciar uma reunião sem antes escutar o que Deus nos fala.  Seja também a lectio divina realizada nas casas com as famílias, que são base da igreja doméstica e da sociedade.
Lembremos sempre: “Esta leitura orante, bem praticada, conduz ao encontro com Jesus-Mestre, ao conhecimento do mistério de Jesus - Messias, à comunhão com Jesus-Filho de Deus e ao testemunho de Jesus - Senhor do universo. (Documento de Aparecida, n. 249).
Que as Escrituras sejam o nosso alimento diário

A missão e o dever do batizado em viver e anunciar o Evangelho


Conhecer, amar, viver e anunciar são passos importantes na vida de todo o cristão.  Tratamos na última edição sobre a Lectio Divina, e vimos através desse método a oportunidade de conhecer através das Escrituras Sagradas quem é esse Deus (Trindade) e experimentá-lo através das nossas orações, reflexões etc. Urge, portanto, a real necessidade de anunciá-lo para que as maravilhas das quais sou capaz de experimentar, outros também O possam.
A nossa reflexão nestes dias finais do mês da bíblia e prepararando o que viveremos no próximo mês, consagrado a Missão, é que todos os membros do Povo de Deus têm parte no ministério profético de Cristo como nos lembra o Concílio Vaticano II. Para nós se torna uma responsabilidade de que com a ressurreição, de fato, 'a boa nova' da salvação universal de Deus, por meio de Cristo, está enfim consumada e deve ser divulgada em todo o mundo, para que se torne história de cada homem.
“Ide e pregai’. A missão implantada no coração dos Apóstolos pelo Senhor ressuscitado e fecundada pelo poder vivificador do Espírito Santo no dia de Pentecostes tornou-se decisão irrevogável de sacrificar a vida na pregação do Evangelho. É assim que devemos encarar nossa missão, nesta decisão de sacrifício pelo Evangelho anunciado. Se estamos desanimados, as dificuldades são muitas, e o nosso pensamento tenta nos fazer desistir, aí está o nosso sacrifício pelo Evangelho, pois, embora tudo me faça querer parar eu me decido por perseverar nesta missão!
            Evangelizar é “doar o próprio Cristo (...) é fazê-lo ser encontrado” como disse o Papa Bento XVI. Não que Cristo esteja escondido, mas, porque as pessoas vivem no mundo não sabendo onde encontrá-lo.  Nós cristãos Batizados temos o dever de apresentá-lo com toda a nossa vida. Isso se chama de Evangelho vivo através de nós, é ser via de acesso a Jesus para a vida do próximo!
O Evangelho se expressa principalmente através de uma vida sacramental (confessar-se regularmente, perseverar na eucaristia), numa vida de oração e escuta da palavra de Deus, e o envolvimento na vida e ação da Igreja, na comunidade e no mundo.  Como preceitua o Catecismo da Igreja Católica (CCE) no número 2044 “a fidelidade dos batizados é a condição primordial para o anúncio do Evangelho e para a missão da Igreja no mundo. Para manifestar diante dos homens sua força de verdade e de irradiação, a mensagem da salvação deve ser anunciada pelo testemunho de vida dos cristãos.” E continua: ”o próprio testemunho da vida cristã e as boas obras feitas em espírito sobrenatural possuem a força de atrair os homens para a fé e para Deus”.
Que possamos abraçar com alegria e perseverança esta missão! 

A Juventude num novo projeto de Vida


O saudoso Papa Beato João Paulo II, em visita ao Brasil em 1980 disse aos jovens: “Se o jovem que eu fui, chamado a viver a juventude em um momento crucial da história, pode dizer algo aos jovens que vocês são, penso que lhes diria: Não vos deixem instrumentalizar! Procurem estar bem conscientes do que vocês pretendem e do que fazem”, mensagem esta que continua atual e que destaca a importância dos jovens não se deixarem perder-se num mundo tão corrompido quanto o que estamos vivendo atualmente.  É o tempo crucial da história da humanidade e o chamado a viver a juventude consciente da importância do seu papel para dar um novo rumo a essa realidade que hoje vivemos, que caminha a passos decididos ao céu.
Temos uma marca profundamente concreta do grande afeto que Jesus tinha pela juventude, um dos seus Apóstolos, o João Evangelista era jovem, alguns historiadores usam a expressão que era jovem imberbe, que significa que não tinha barba, ou seja, não tinha atingido a idade adulta ainda. E na história da salvação, nos relatos da Sagrada Escritura, vemos referências que tratam João como o discípulo amado de Jesus, alguns teólogos afirmam que ele tinha algumas informações privilegiadas da missão de Jesus e a real confiança que Jesus depositava em seu discípulo ao confiar sua mãe, Maria aos cuidados de seu discípulo e o quanto ele tinha afeto por João Apóstolo que pediu que sua mãe o tratasse como filho e confiou a este jovem discípulo a responsabilidade e o compromisso de cuidar daquela que foi preservada por Deus para ser Mãe de Jesus.  Uma missão altamente sublime confiada a um jovem.
O Papa Bento XVI disse em 2008 ao jovens da Catedral da Sulmona: “Queridos jovens! Conservai o vosso entusiasmo, a vossa alegria, que nasce do facto de ter encontrado o Senhor e sabei comunicá-la também aos vossos coetâneos!(...) Convosco sinto que a Igreja é jovem! Caminhai, queridos jovens e queridas moças! Caminhai na via do Evangelho”.
A Igreja é jovem. Jesus depositou sua confiança na Juventude. Os Papas, tanto o anterior, Beato João Paulo II quanto o atual Bento XVI entende que o presente e o futuro da Igreja é a Juventude.  A nossa Comunidade, por iniciativa do nosso Pároco, Padre Damião, dedicou este ano como ano da Juventude em nossa paróquia.  Falta só uma parte, que cada um de nós enquanto cristãos, membros dessa Igreja de Jesus Cristo e obedientes ao Papa possamos promover a Igreja cada vez mais jovem, abrindo espaço para que a Juventude assuma seu papel.  É um momento crucial da História da Humanidade, a Juventude tem a sua missão de promover a salvação a todos os povos, contemos sempre com sua energia e sua audácia para o Evangelho alcançar aos confins do mundo! Juventude: a Igreja com você é Jovem!

Metas que podemos assumir


Ao entender o “Valor da Vida” (refletido na última edição), não há como deixar de nos questionarmos de como é possível, depois de muitos anos vivendo distante desta realidade, construir isto agora? Conhecemos inúmeras pessoas que falam: “sempre fui assim não tenho agora como agir diferente” e acabam com isso se fechando a possibilidade de resgatar o grande tesouro, que é a própria vida.
            Ano Novo sempre vem pleno de sonhos, projetos, propostas de mudanças e metas que tem o objetivo de construir uma vida nova. Muitas das vezes se chega ao final do ano que se vê que aquilo tudo que se planejava sequer fora construído, mas, a cada ano se renovam a possibilidade de tentar de novo. Como escreve São Paulo: “Não pretendo dizer que já alcancei (esta meta) e que cheguei à perfeição. Não. Mas eu me empenho em conquistá-la, uma vez que também eu fui conquistado por Jesus Cristo. Consciente de não tê-la ainda conquistado, só procuro isto: prescindindo do passado e atirando-me ao que resta para a frente, persigo o alvo, rumo ao prêmio celeste, ao qual Deus nos chama, em Jesus Cristo. Nós, mais aperfeiçoados que somos, ponhamos nisto o nosso afeto; e se tendes outro sentir, sobre isto Deus vos há de esclarecer. Contudo, seja qual for o grau a que chegamos, o que importa é prosseguir decididamente”(Filipenses 3, 12-16). 
            Neste trecho está o segredo do caminho da mudança é prescindir, ou seja, esquecer aquilo que é passado e me jogar a frente. Ninguém consegue realmente fazer o novo preso ao velho. A construtora que deseja construir um prédio novo no lugar de um velho não pode tentar reaproveitar aquele velho.  Isso pode comprometer a qualidade e até ser obstáculo para o bom trabalho final. O primeiro grande desafio de mudança que enfrentamos é abrir mão da velha estrutura e se decidir a mudar radicalmente. Mudar dá trabalho! É por isso, que São Paulo coloca que o grande segredo disso é “atirar-se para frente” em direção a Cristo e não olhar para trás. Quem olha para trás e vê aquilo que se está deixando corre a tentação de fraquejar. É muito mais cômodo retornar para a velha estrutura ou permanecer nela do que ter o trabalho do novo que preciso me emprenhar.
            Esse ano de 2011 precisa ser diferente! Resgatemos agora as áreas da nossa vida onde o novo precisa ser realizado. Quais são as nossas metas? Os Sonhos? Os projetos de vida nova que fizemos? Em que ponto da nossa vida precisamos resgatar a preciosidade que somos?
            Para aquele que sonha com uma família melhor e que sonha em ser e ter uma mãe melhor, um pai carinhoso, um filho obediente, uma esposa feliz e um marido fiel, que sonha em rezar mais, comungar mais, participar mais e melhor da Santa Celebração da Missa, que espera de si ser um melhor agente dentro da comunidade paroquial, um cidadão cada vez mais honesto, que sonha com o Céu, São Paulo nos propõe: “Prosseguir decididamente”, conservar o rumo!
            Tenho certeza que teremos um ano muito frutuoso se assim nos empenharmos. Seja essa a nossa meta para 2011. E assim, tenhamos um ano de felicidades e frutuosas bênçãos do Céu, nosso alvo!